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O que a EM tirou de mim

A doença tirou de mim, a possibilidade de aproveitar o carinho físico das pessoas, de deitar juntinho e curtir ver TV ou qualquer outra coisa... Tem épocas que eu sinto uma hipersensibilidade nas pernas e braços, então fica muito difícil o toque, a sensação que eu tenho é péssima, quase dor. As pessoas não entendem e nem poderiam, isso é uma coisa muito complicada de se explicar, é a mesma coisa que querer explicar que gosto tem uma determinada coisa para alguém, você pode tentar explicar, mas seria impossível ao outro saber exatamente o gosto que você sente. Ela tirou de mim também o ânimo para muitas coisas, para atividades físicas em geral. Para tomar sol, para arrumar minha casa (eu adorava), para andar atoa no shopping, para brincar de pega pega... e tantas outras coisas. Ela está tirando de mim aos poucos a paciência e habilidade de raciocinar algumas coisas. Algumas coisas estão ficando complicadas demais pra mim. Então me afasto, me calo e passo muitas vezes por rabugenta ou idiota. Sinto como se eu estivesse perdendo o bonde, ainda corro atrás dele,mas fico pensando, até quando conseguirei? Tem horas que fica difícil manter uma conversação, tenho que fazer uma força danada pra não perder o que foi dito e continuar o assunto sem me perder totalmente da conversa... Me esqueço de compromissos e de coisas que falo que vou fazer depois, mas só consigo me lembrar se colocar um alarme ou coisa parecida. Me esqueço onde guardei determinadas coisas... O calor tira todo o restinho das minhas forças, preciso fazer reservas de energia para aguentar chegar ao fim do dia, vou administrando essa reserva. Infelizmente tem dias que eu durmo o dia todo, não consigo abrir o olho, fico ali morgando, isso é muito ruim! A EM tirou também de mim, minha forma física com tratamentos tão agressivos e com tantos efeitos colaterais e tóxicos! Fico imaginando se algum dia me verei livre de toda essa química que age em mim. As vezes, gostaria de jogar tudo pra cima e parar meu tratamento, mas ao mesmo tempo tenho medo de sequelas que podem me tirar totalmente de cena ou do meu "pseudoequilibrio" sinto meu sistema linfático sobrecarregado, como se fosse necessário expelir cada gota das toxinas que estão presas em meu organismo. Aguardo o dia que isso vai acabar, com paciência e compreendendo que as coisas não acontecem por acaso nem sem necessidade! Coloco a mim e a essa doença nas mãos de Deus e confio no seu amor. Carla Gontijo 25.12.12

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